O Brasil é o maior produtor mundial de cana-de-açúcar e o segundo na produção global de etanol. A estimativa para 2023/2024 é que sejam colhidos aproximadamente 637,1 milhões de toneladas.
A produção da cultura se concentra no estado de São Paulo, mas diversas regiões do país produzem e têm condições de expandir ainda mais o potencial.

Existem muitos fatores que contribuem para o sucesso de um canavial e algumas etapas são essenciais para que isso aconteça.
E falamos de todas elas neste artigo. Provavelmente é o material mais completo para a gestão de fazendas de cana-de-açúcar. Veja a seguir.
Índice de Conteúdo (clique e vá direto ao assunto que procura)
- 1. Preparo e Manejo do Solo
- 2. Plantio da Cana-de-Açúcar
- 2.1. Operações do plantio com máquinas e implementos agrícolas
- 2.2. Como selecionar os implementos agrícolas corretos para o plantio
- 2.3. Como otimizar o plantio do canavial
- 3. Nutrição e Adubação da Cana-de-Açúcar
- 4. Tratos Culturais da Cana-de-Açúcar
- 5. Colheita da Cana-de-Açúcar
- 6. Custo Agrícola em Fazendas de Cana-de-Açúcar
- 6.1. Custo por operação de máquinas e implementos agrícolas no cultivo da cana
- 6.2. Depreciação de máquinas agrícolas
- 7. Tecnologias de Agricultura de Precisão na cana-de-açúcar
- Conclusão
- Falar com um analista CHBAGRO
Preparo e Manejo do Solo
Dentro do sistema produtivo umas das primeiras práticas a ser realizada é o preparo e manejo do solo.
E na cana-de-açúcar isso não é diferente, propiciando melhores resultados produtivos e até mesmo zelando pela conservação do solo.
O preparo do solo tem como objetivo reduzir os impactos das limitações que restringem o desenvolvimento radicular, sejam elas físicas, químicas e biológicas.
Em cana-de-açúcar é comum a renovação dos canaviais em média de 5 em 5 anos, podendo ser devido a fertilidade do solo, condições físicas indesejáveis (compactação, encharcamento), efeito acumulado de pragas e doenças (nematoide, Sphenophorus), dentre outros motivos.
Desta maneira, percebe-se que o preparo do solo deve ser muito bem estabelecido pois é uma atividade que apresenta efeitos a longa data, isto é, de pelo menos 5 anos.
Em cana-de-açúcar os preparos de solo podem ser convencional, cultivo mínimo e plantio direto.
A escolha do modo de preparo deve ser feita baseada nas condições globais existentes em sua propriedade como por exemplo:
- Áreas infestadas com Migdolus é recomendado o preparo de solo convencional e na época seca (larvas mais superficiais);
- Áreas que estão com carência química e compactação profunda, preparo convencional com a utilização de subsolador;
- Áreas sem carência química, impedimento físico limitante e sem infestação de pragas e doenças sem limitação quanto ao uso de plantio direto ou mínimo.
Nessa etapa, também devemos nos atentar a sistematização da área, o que facilita o tráfego de máquinas em todas as operações da cultura.
Plantio da Cana-de-Açúcar
O custo da implantação do canavial é alto, por isso, começar certo é de extrema importância. E o que é começar certo quando falamos em plantio de cana-de-açúcar?
É realizar um planejamento de todas as atividades e operações que devem ser realizadas durante o plantio e executá-las com muito rigor para obter maior longevidade do canavial e lucro para sua propriedade.
Um dos primeiros pontos no planejamento do plantio, após a escolha da área, é verificar se o local já apresenta talhões, carreadores e terraços (quando necessário), conhecido como sistematização do terreno.
Caso o terreno não apresente esses recursos, deve-se fazer este processo.
Além disso, quando pensa em plantio já deve vir a sua cabeça as operações de preparo do solo e os nutrientes que devem ser adicionados na adubação do solo.
Para saber sobre a fertilidade do solo você deve realizar a análise de Solo.
Como a cana-de-açúcar é considerada uma cultura semi-perene por ter um ciclo de 5 a 6 anos, você pode realizar amostras de 0-25 cm e de 25-50 cm de profundidade, com 3 meses antes do plantio.
Com a análise de solo em mãos, você pode observar se é necessário realizar calagem e gessagem antes do plantio e qual tipo de adubação utilizar no plantio da cana.
Após a análise de solo, é importante definir a época de plantio, para planejar as operações agrícolas e quais as variedades de cana-de-açúcar são mais indicadas para aquele período.
As épocas de plantio da cana-de-açúcar são divididas em:
- Cana de ano: 12 meses, normalmente se plantada entre setembro e novembro;
- Cana de ano e meio: 18 meses, podendo ser plantada entre janeiro a março;
- Plantio de inverno: plantio de maio a agosto.
Outros pontos que são importantes no plantio são: verificar se há presença de plantas daninhas na área e qual manejo utilizar, quais operações de preparo de solo realizar na área e se irá utilizar inseticidas e nematicidas no sulco de plantio.
Além disso, também é importante definir e planejar qual o tipo de plantio que será utilizado (mecanizado, manual ou por meiosi - Método Interrotacional Ocorrendo Simultaneamente) e qual o espaçamento aplicado no plantio da cana.
Lembre-se que a definição do espaçamento depende da tecnologia e dos maquinários que serão utilizados do plantio até a colheita do canavial.
Operações do plantio com máquinas e implementos agrícolas
As máquinas e implementos agrícolas que você utiliza para o plantio dependem muito do tipo de plantio que será realizado e da tecnologia adotada.
Se o plantio for mecanizado você terá várias opções de máquinas que realizam o plantio da cana-de-açúcar (plantadora), por isso, é importante definir qual é a melhor escolha para a sua propriedade.
As operações de plantio dependem muito do tipo de sistema de plantio adotado. Existem 3 sistema de plantio para cana-de-açúcar que são:
- Convencional;
- Plantio mínimo;
- Plantio direto.
Para a escolher de um desses sistemas observe as condições do solo, da área para o plantio e da tecnologia da sua propriedade.
O sistema convencional de preparo do solo envolve operações de aragem, gradagem, subsolagem e nivelamento.
O uso de todas ou só de algumas dessas operações varia de acordo com as condições do solo e equipamento agrícolas disponíveis.
Esse sistema prepara a área toda, combinando as operações de eliminação de soqueira e incorporação de corretivos.
Sistema de cultivo mínimo realiza o revolvimento mínimo do solo para o preparo do solo que é concentrado na linha de plantio, que normalmente é uma subsolagem.
Antes dessa operação deve-se realizar a eliminação da soqueira com herbicida. Esse sistema é indicado para locais onde não há forte compactação.
Tanto no sistema de plantio mínimo quanto o convencional, após o preparo do solo é realizado a sulcação do solo para o plantio da cana, que, se for mecanizado, as operações podem ser feitas por plantadoras.
Já o sistema de plantio direto da cana-de-açúcar somente é realizada a sulcação para o plantio da cana. Esse sistema deve ser adotado em um solo que apresente bastante restos vegetais e baixa compactação do solo.
A escolha de máquinas, implementos agrícolas e as operações de plantio dependem do sistema de preparo de solo realizado, do tipo de plantio, da área e da tecnologia da propriedade.
Como selecionar os implementos agrícolas corretos para o plantio
Algumas máquinas são essenciais durante a implantação e condução do canavial.
Para o preparo inicial e reformas nos canaviais, implementos como grades aradoras e niveladoras, arados de discos ou aiveca, subsoladores e escarificadores ainda são amplamente utilizados.
No mercado há uma infinidade de marcas de implementos, modelos e tamanhos disponíveis para cada fazenda, cada tipo de solo e ambiente de produção.
Após o preparo inicial e correção do solo, a escolha da plantadora é o próximo passo que você deve se atentar.
Plantadoras como a PCP 6000 da DMB são excelentes máquinas quando analisamos rendimentos operacionais e consumo de mudas por hectare.
Fonte: Portal Máquinas Agrícolas
Essa plantadora possui mecanismos de esteiras e taliscas que conseguem devolver as mudas excedentes para a caçamba, além de possuir capacidade de realizar as operações de sulcação, adubação, banho de fungicidas, aplicação de inseticidas e plantio de duas linhas de cana.
Outra plantadora presente no mercado é a da John Deere em parceria com a Antoniosi, com dois modelos disponíveis no mercado, a PC 1102 e a PC 2102.
Fonte: Antoniosi
O ideal é que os gestores, no momento do plantio, pensem no escalonamento de variedades mais precoces e tardias, para que o momento da colheita não ocorra em todos os talhões ao mesmo tempo, encarecendo o custo operacional com mais maquinários em campo.
Atentem-se ao pós venda e peças na sua região para cada máquina, uma vez que, durante a colheita a presença de peças de reposição é fundamental para assegurar maiores eficiências operacionais em campo.
Como otimizar o plantio do canavial
O sucesso do canavial inicia-se no planejamento e plantio correto da cultura.
Não é novidade que se o plantio for realizado de maneira inadequada, você terá que conviver com o canavial por aproximadamente cinco anos ou mais.
E será pouco eficiente, uma vez que o plantio e a condução do canavial são fatores essenciais para o sucesso e aumento dos lucros no campo.
A formação do canavial envolve atividades desde o preparo de solo, plantio e tratos culturais.
Segundo dados da NOVACANA, os custos de implantação do canavial podem variar de 7.000 a mais de 8.000 reais, dependendo da região e do modelo de produção aplicado.
Fonte: (CNA)
O software de gestão agrícola CHBAGRO auxilia os produtores no controle das operações de campo na fazendas, englobando senso varietal, custo agrícola, controle de propriedades e talhões, controle de produção por ambiente, tratos culturais e operações agrícolas mecanizadas.
Com os custos em mãos fica mais simples tomar decisões gerenciais para otimizar o plantio e as atividades subsequentes do canavial, uma vez que os insumos e os custos com maquinários são os maiores responsáveis nos altos custos de implantação do canavial.
Os custos com mudas também são muito expressivos e podem variar de acordo com o método de plantio escolhido.
Sempre que possível, é válido ter mudas próprias, reduzindo custos com aquisição de mudas de terceiros.
No plantio manual, os produtores gastam cerca de 12,4 toneladas de mudas por hectare, enquanto no mecanizado esse valor sobe para cerca de 18,1 toneladas.
A venda de mudas para terceiros também pode ser uma opção àqueles produtores que buscam garantir uma renda extra em suas lavouras.
Nutrição e Adubação da Cana-de-Açúcar
Neste tópico iremos comentar sobre a nutrição e adubação da cana-de-açúcar, iniciando pela adubação. A adubação consiste numa subtração entre o que a planta necessita e o que o solo tem para disponibilizar.
ADUBAÇÃO (KG/HA) = (PLANTA-SOLO) x F
O que a planta demanda pode ser estudado através de tabelas de extração e exportação como mostro a seguir:
Fonte: Embrapa. Extração e exportação de macronutrientes para a produção de 100 t de colmos (ORLANDO F.°, 1993).
Fonte: Embrapa. Extração e exportação de micronutrientes para a produção de 100 t de colmos (ORLANDO F.°, 1993).
A necessidade da planta está relacionado a quantidade de nutriente a ser fornecido, a quantidade para determinar a produtividade e época e local de aplicação de determinado nutriente.
Já a disponibilidade do solo pode ser observada através de diagnoses visuais, observando a planta como um todo, possibilitando notar alguma manifestação de excesso ou carência nutricional.
Esse método requer bastante conhecimento do comportamento dos nutrientes.
Através da análise química das folhas também é possível conhecer a disponibilidade nutricional do solo a qual utiliza a planta como um "extrator" do solo.
E por fim, para conhecer os teores de nutrientes do solo pode-se fazer a análise química do solo propriamente dito.
Além da planta e do solo, quando estamos falando de adubação devemos nos atentar a eficiência de adubação, isso porque os adubos podem sofrer alguns processos (lixiviação, volatilização, desnitrificação, dentre outras).
Fonte: Embrapa
A eficiência da adubação está ligada a época de aplicação, idade do canavial, a quantidade de chuvas, ao modo de aplicação e ao comportamento do nutriente, tanto no solo quanto na planta.
Máquinas e implementos agrícolas para nutrição e adubação
A alta utilização de máquinas e implementos no cultivo da cana-de-açúcar é uma realidade.
Dentro deste contexto vamos destacar a utilização de implementos que maximizam a utilização de fertilizantes nos canaviais.
Um dos problemas que muitos produtores relatam é a dificuldade de aplicação de adubo nas soqueiras tendo em vista que a cultura gera uma grande quantidade de palha após colheita e isso dificulta o acesso do adubo ao solo.
Desta forma, com o objetivo de reduzir perdas, os produtores utilizam outras fontes de N que não seja ureia (muito volátil). Porém, as demais fontes apresentam um valor mais elevado, aumentando o custo de produção.
De posse desses informações, a DMB uma adubadeira de disco que tem a capacidade de cortar a palha e dispor o adubo diretamente ao solo, permitindo facilmente a assimilação pelas raízes.
Fonte: Cana Online
Outra estratégia inovadora é o desenvolvimento de uma carreta sulcadora e distribuidora de torta de filtro.
Fonte: Cana Online
E, por fim, um outro implemento utilizado para agilizar as operações no canavial é o Distribuidor em profundidade e superfície, permitindo, por exemplo, distribuir o adubo em profundidade e o calcário uniformemente na superfície (reservatórios diferentes).
Fonte: DMB
Tratos Culturais da Cana-de-Açúcar
A etapa de tratos culturais da cana exige muita atenção. As pragas que atacam a cultura da cana-de-açúcar podem estar na área antes mesmo do plantio.
Uma forma de reduzir os efeitos das pragas no estabelecimento da cana e durante todo o cultivo é fazer um bom uso das bases e dos pilares do Manejo Integrado de Pragas (MIP).
A gestão é responsável por monitorar e gerenciar qualquer que seja a tomada de decisão em relação ao controle das pragas.
Logo no plantio, na implementação da cultura, é importante fazer um bom preparo do solo aliado a todos os outros fatores citados anteriormente.
Por exemplo, utilizar do controle cultural, que é um dos pilares do MIP e que depende de bons tratos culturais.
Sistema de ATR
O objetivo de uma gestão é conseguir, no final de tudo, um produto final com boa qualidade. E a qualidade está totalmente atrelada com os preços finais da produção.
A questão é que a gestão só será realmente eficaz se o Açúcar Total Recuperável (ATR) estiver indicando que a lavoura tem qualidade. Caso contrário, a gestão não terá sido efetiva.
Colheita da Cana-de-Açúcar
Quando falamos de colheita da cana-de-açúcar tendemos a pensar que é somente planejar a operação de colheita, mas vamos observar quantos aspectos temos que planejar para a colheita ocorrer de forma eficaz.
No corte mecanizado deve-se atentar na escolha dos equipamentos a serem utilizados de acordo com a tecnologia e espaçamento de plantio do canavial.
Esse processo de colheita envolve algumas etapas na colhedora.
Você pode se perguntar se ainda existe o corte manual de cana-de-açúcar no Brasil, ele ainda existe em pequenas proporções e vem reduzindo a cada safra.
Também deve-se atentar na altura de corte do colmo, velocidade da máquina e no pisoteio do canavial realizado por máquinas e equipamentos agrícolas.
Esses podem afetar a soqueira da cana, reduzindo a longevidade do canavial, assim, terá que renovar o canavial mais cedo, tendo mais gasto e menor lucro.
E, como comentamos no início deste tópico, não é só o corte que deve ser levado em conta no processo de colheita, deve ter planejado qual a época que deve colher cada área de plantio da cana, que deve ser quando ocorre a maturação da cana-de-açúcar (máximo teor de açúcar).
Isso vai depender da época de plantio, da escolha da variedade, do tipo de solo e da região, por isso, esses pontos são de extrema importância na etapa de plantio da cana-de-açúcar.
Como escolher a colhedora ideal para seu canavial
Existem máquinas que realizam a colheita da cana-de-açúcar de 1 linha (1,5m), de 2 linhas de espaçamento duplo alternado (0,90m x 1,5m) e ainda 2 linhas de 1,5m.
Dentre as máquinas que temos no mercado, as colhedoras da John Deere, CH570 (1 linha de 1,5m), CH670 (0,90 x 1,5m) e CH950 (2 linhas de 1,4m e 1,5m) são muito utilizadas no campo, além das já conhecidas 3510, 3520 e 3522.
Fonte: John Deere
As colhedoras da Case também são muito populares e muito utilizadas em campo e, dentre elas, temos a série A8810 com modelo de 1 linha de 1,5m e modelo A8810 para espaçamento duplo alternado (0,90m x 1,5m).
Fonte: Tracan
É essencial na colheita de sistemas de plantio duplo alternado a utilização de um piloto automático, se possível com sistema de correção RTK (Real Time Kinematic), que auxilie a ter mais exatidão no posicionamento em campo.
O motivo disso é que o tráfego inadequado pode pisotear a soqueira, acarretando em perdas futuras de produtividade e longevidade do canavial.
A colheita mecanizada é o sistema de colheita mais utilizado atualmente.
Além da sustentabilidade de não precisar queimar a cana-de-açúcar durante a colheita, essa operação realizada por meio de máquinas propicia a manutenção de parte da palhada no solo, agregando valor ao sistema produtivo.
Parte dessa palhada pode ser recolhida e destinada à indústria para geração de energia, o que auxilia em mais uma possível fonte de renda aos produtores.
Muito se questiona se compensa recolher a palhada ou deixá-la no campo para benefício do solo, o que se pode afirmar é que tais decisões devem estar alinhadas com cada variedade plantada e com os intuitos de cada produtor ou usina de cana-de-açúcar.
A colhedora de cana é uma das máquinas agrícolas que mais trabalha ao longo do ano, chegando a acumular mais de 4 mil horas por ano, segundo a Case.
Uma colhedora é capaz de atingir rendimentos diários de 500 a 900 toneladas, ou mais, dependendo do manejo e das tecnologias utilizadas.
Custo Agrícola em Fazendas de Cana-de-Açúcar
Quando estamos nos referindo a custos em fazendas de cana-de-açúcar temos que ter o pensamento alinhado ao controle e planejamento. A planificação de todas as ações permite um maior controle de tudo que é gasto e tudo que tem de entrada.
Às vezes, quando o negócio requer um maior dinamismo e fluidez, utiliza-se de software de gestão agrícola que permite um controle dinâmico e atualizações rápidas e interligadas.

Para facilitar o estudo do custo seja da fazenda, do talhão e das operações é importante que façamos uma análise de quais os custos fixos e variáveis.
Ainda no caso da cana-de-açúcar, é importante que categorizemos os gastos dividindo-os em cada manejo tais como preparo do solo, plantio e manutenção da cana planta.
Os componentes básicos de um custo de produção de um canavial, segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), são:
- Máquinas;
- Mão-de-obra;
- Insumos (diesel, corretivos, fertilizantes, herbicidas, nematicidas, fungicidas e mudas).
De posse dessas informações e sistematizando a sua área em talhões, é possível mensurar quais são seus custos por talhão.
Quais os gastos são operacionais e se é possível planejar melhor a sistematização do processo com o objetivo de maximizar a utilização dos recursos.
Desta forma, torna possível o controle dos gastos e até mesmo uma redução desses gastos, pois planejando as atividades pode-se realizar as compras de insumos em época de queda dos preços.
Custo por operação de máquinas e implementos agrícolas no cultivo da cana
Depois da colheita da cana temos que nos preocupar com o trato cultural da soqueira da cana, que, como já comentamos, a cana-de-açúcar depois do plantio tem em média cinco cortes até a reforma do canavial.
Dentre as operações de cultivo tem-se: aleiramento da palha, adubação da soqueira, aplicação de calcário, aplicação de herbicida, uso de inseticida, corte de soqueira, controle de broca, entre outros.
As operações na soqueira dependem das condições do canavial, se precisa de calcário, de uso de inseticida para pragas de solo, se há incidência de broca, se é necessário realizar o aleiramento, entre outros. Ou seja, tudo depende das condições atuais da área e do seu histórico.
Lembrando que, além de considerar o custo das operações, temos que colocar o custo das máquinas e implementos agrícolas, que varia muito em cada operação e em cada safra.
O custo para as operações de cultivo na soqueira podem variar de 1500 reais a mais de 2000 reais por hectare, por isso, o cultivo da cana-de-açúcar também deve-se realizar um bom planejamento para aumentar a longevidade do canavial.
Depreciação de máquinas agrícolas
A depreciação é a perda do valor financeiro, com o passar do tempo, das máquinas agrícolas que você possui na fazenda. Ela deve entrar nos cálculos para avaliação da saúde financeira da propriedade.
Quando você compra uma máquina nova, que acabou de sair da concessionária, ela possui peças novas que estão sem desgaste algum.
Ao utilizar tais equipamentos em campo, as peças vão se desgastando até chegar a obsolescência em alguns casos, o que é natural, e tal processo é conhecido como depreciação.
Existem dois tipos principais de depreciação:
- Fiscal;
- Gerencial.
Na depreciação fiscal, o valor do bem adquirido é calculado para ser reduzido a zero, após o período determinado de sua vida útil.
Já na depreciação gerencial, o valor final do bem não precisa chegar a zero, uma vez que você pode vender o equipamento durante um intervalo menor que a sua vida útil, e nesse tipo de depreciação, o estado de conservação e manutenção dos bens pode manter os valores de revenda mais altos.
A porcentagem de depreciação, ou perda de valor do seu bem, varia de acordo com cada tipo de equipamento.
A CONAB possui uma tabela que mostra cada percentual de depreciação e vida útil de cada bem em anos.
Fonte: CONAB. Máquinas agrícolas - vida útil e valor residual.
Na tabela é possível analisar a vida útil de determinado equipamento em anos, em horas e seu valor residual em porcentagem (%).
Pegando um exemplo uma Colhedora de cana de 1,2 milhão de reais, ela terá vida útil de 10 anos ou de 5000 horas, sendo que ao final desse período, o valor de venda desse equipamento será de 25% do seu valor, ou seja, 300 mil reais.
Esse valor final pode ser diferente, dependendo das manutenções e cuidados realizados com cada máquina utilizada na lavoura.
Calculando a depreciação fiscal dessa colhedora do exemplo: basta dividir o valor da máquina pela vida útil em meses da tabela da CONAB.
R$ 1.200.000 / 120 meses (10 anos) = R$ 10.000,00 (depreciação mensal)
Note que após dez anos o valor da nossa colhedora foi reduzido a zero reais.
Para calcular a depreciação por hora, suponhamos que esta máquina trabalhará 3.000 horas no ano.
3000h / 12 meses = 250h/mês
Para calcular a depreciação por hora basta dividir a depreciação mensal pela quantia de horas trabalhadas por mês.
R$ 10.000,00 (depreciação mensal) / 250h/mês = R$ 40,00/h
Calculando a depreciação gerencial da colhedora do exemplo: vamos supor a venda dessa máquina após dois anos de trabalho por 400 mil reais.
R$ 1.200.000 – R$ 400.000 = R$ 800.000,00
R$ 800.000 / 24 meses (2 anos) = R$ 33.333,33 (depreciação mensal)
Repare que a venda dessa colhedora nestas condições não compensa, uma vez que se mantivéssemos essa colhedora operando até o final de sua vida útil o valor de depreciação mensal seria menor.
Tecnologias de Agricultura de Precisão na cana-de-açúcar
Muitas tecnologias estão sendo amplamente utilizadas na cultura da cana-de-açúcar para otimizar aplicações de insumos e aumentar a rentabilidade no campo.
Dentre as tecnologias que a Agricultura de Precisão trouxe para a cana, destacam-se o uso de sistemas de direcionamento automático, ou mais conhecido como "piloto automático", drones, satélites, sensores e automações que auxiliam na aplicação de insumos em doses variadas e controle da frota.
Piloto automático
O piloto automático é muito utilizado no plantio e na colheita da cana-de-açúcar, propiciando maior rendimento operacional e ganhos em produtividade, uma vez que o paralelismo geralmente permite o melhor aproveitamento de cada metro quadrado da lavoura.
Os mapas de linhas de plantio podem ser usados na colheita por cinco ou seis anos na cultura da cana, que é o tempo de longevidade do canavial. Tal fato demonstra a importância de se executar da melhor forma possível o paralelismo das linhas no plantio.
Fonte: G1
O sistema de correção de satélites mais utilizado na cultura é o RTK (Real Time Kinematic), que entrega melhores exatidões e erros na ordem de 3 a 5 cm nas coordenadas de cada linha, sendo muito eficiente.
Existem muitas usinas que utilizam outros tipos de correções, porém com erros maiores quando comparados com o sistema citado anteriormente.
Sempre que possível deve ser utilizado sistemas com correção RTK e o operador deve estar atento ao sinal do GPS que aparece no monitor do equipamento, sendo que sistemas sem correção acarretam em pisoteio nas linhas de cana e consequente redução da produtividade e vida útil do canavial.
Equipamentos como o piloto automático facilitam o trabalho do operador a noite, assegurando melhores rendimentos operacionais, uma vez que auxilia o piloto na condução do equipamento nas linhas corretas de colheita, bem como linhas mortas dentro do talhão e matadouros.
Drones e Satélites
Atualmente existe tecnologias com drones que conseguem georreferenciar as linhas de plantio da cana-de-açúcar que foram plantadas sem o auxílio de um piloto automático.
Após sobrevoar a área, o processamento das imagens consegue criar um mapa de linhas para colheita utilizando piloto automático.
Os drones e satélites também possuem sensores que podem ser utilizados na cultura da cana-de-açúcar.
Os sensores mais utilizados são os de biomassa da vegetação, os famosos NDVI e NDRE.
Fonte: Tecnodefesa Sentinel 2B
Os mapas de biomassa da vegetação auxiliam na identificação:
- Potencial de biomassa das lavouras;
- Possíveis pragas e doenças;
- Áreas degradas ou com déficit hídrico;
- Entre outros.
Tais informações podem ser utilizadas para tomada de decisões no manejo da cultura.
Os drones e satélites também criam produtos como mapas de altimetria para o planejamento de desenho das linhas, terraços, talhões e carreadores.
Cada tecnologia possui suas resoluções espaciais e temporais, ou seja, tamanho do pixel das imagens e tempo de revisita da área para aquisição de nova imagem, e devem ser selecionados de acordo com os objetivos de cada gestor e cada fazenda.
Telemetria
Sistemas de telemetria estão auxiliando na redução de custos e melhor controle das atividades agrícolas na cultura da cana.
Já é possível, por meio da telemetria, acompanhar as operações em tempo real no campo, desde que as máquinas possuam acesso a internet, e corrigir possíveis erros operacionais.
Por meio das análises dos relatórios de telemetria é possível selecionar melhores equipamentos para cada operação, máquinas com maiores rendimentos operacionais, menores quebras de peças e melhores consumos de combustível.
Com o auxílio da telemetria é possível otimizar a frota e as operações que são realizadas na cultura da cana-de-açúcar.
Conclusão
Neste artigo foi possível ter uma ideia de que no processo de produção de cana-de-açúcar existem etapas importantes a serem consideradas.
Antes de tudo, vem o preparo do solo já com controle prévio de pragas e doenças para garantir as melhores condições para a plantação.
No plantio se deve ter atenção ao planejamento da área, amostragem do solo, escolha de variedades e mudas sadias, etapas de plantio, épocas de plantio e espaçamento.
No tempo entre o plantio e a colheita é necessário garantir que as plantas de cana-de-açúcar sejam sempre capazes de obter a nutrição necessária do meio-ambiente, seja pela adubação ou nutrição.
Até o momento da colheita, existem muito fatores que não foram citados aqui, mas é muito importante já se atentar ao tipo de colheita e quando o produto final estará apto para ser colhido.
E, por último, nada disso será eficiente sem um bom sistema de gestão agrícola, com boas tecnologias aliadas, foco no Manejo Integrado de Pragas (MIP) e tratos culturais e qualidade do produto final com o ATR.
Conteúdo editado por Blog CHBAGRO e produzido, em conjunto, por: Giuliana Rayane Barbosa Duarte, Gressa Chinelato, Luis Gustavo Mendes e Thaís Fagundes Matioli.
---
Saiba mais sobre o único Software Agrícola completo do Brasil!
O CHBAGRO já atende 600 fazendas em todo país.
Se preferir, envie um e-mail para contato@chbagro.com.br ou ligue 16) 3713.0200.