Até pouco tempo atrás, o setor canavieiro dependia exclusivamente da mão-de-obra humana para realizar a colheita da cana-de-açúcar. Porém, de uns tempos para cá, a colheita mecanizada de cana tomou o espaço do trabalho manual e já corresponde a mais de 90% da safra colhida.
Essa operação certamente permite maior sustentabilidade do sistema, reduzindo custos, sem que se tenha a necessidade da queima (colheita de cana crua), além de deixar a palha no sistema.
Entretanto, mesmo com os avanços na tecnologia da colheita, ainda há muitas perdas no uso destas colhedoras. Estes problemas são decorrentes de falhas da produtividade da própria máquina, mas principalmente tem relação com as características da lavoura em si, que precisa apresentar algumas características específicas.
Em virtude desses problemas, ainda há muito o que se otimizar na operação de colheita mecanizada, sendo necessário maior cuidado e atenção por parte do produtor ou da usina.
Veja então quais são os problemas mais recorrentes da colheita mecanizada de cana e saiba quais são as medidas a serem adotadas para otimizar esse processo.
Transição da colheita manual para mecanizada. Uma necessidade recorrente!
A transição da colheita manual para a colheita mecanizada de cana é obrigatória, sendo prevista na legislação.
Mas essa transição é também uma necessidade e tem ocorrido em razão de outros fatores importantes, onde destacam-se a ausência de mão-de-obra para a colheita e principalmente pelo protocolo agroambiental, que finalizou o uso da queima dos canaviais, priorizando a sustentabilidade.
Além disso, o uso de máquinas para a colheita envolve redução nos custos, melhora na qualidade da matéria-prima e necessidade de manter um fluxo constante para atender a demanda da usina.
Porém, há algumas exigências e condições específicas relacionadas à colheita mecanizada de cana que precisam ser respeitadas por quem busca melhores resultados.
Entre essas exigências e condições específicas pode-se citar a necessidade de solo plano, sem falhas, redimensionamento das áreas de plantio, inclusive com espaçamento adequado entre as fileiras, plantio mais raso e um crescimento ereto da cana, sem que ela sofra tombamentos.
Essas necessidades têm relação direta com os principais problemas relacionados à colheita mecanizada, como veremos a seguir.
Principais problemas enfrentados na colheita mecanizada de cana
É consenso em produtores que há alguns problemas relacionados à colheita mecanizada de cana que impedem uma operação mais eficiente. Em resumo, os problemas mais significativos são:
Incremento do tráfego de máquinas na área
O primeiro desses problemas é o incremento do tráfego intensivo nas lavouras de cana-de-açúcar. Esse tráfego acarreta em aumento do pisoteamento e, por conseguinte, da compactação do solo. Com o tempo, este solo vai sendo degradado, afetando diretamente a produtividade da área.
Baixo potencial produtivo das colhedoras
Outro ponto importante envolve o potencial de produtividade da colheita mecanizada. Em geral, as máquinas colhem apenas uma linha de cana-de-açúcar. Apenas recentemente entraram em operação máquinas capazes de colher duas linhas por vez, sendo essa a solução para aumentar a produtividade.
Porém, quanto maior for a largura das bitolas, mais pesadas serão as máquinas, o que inviabilizaria a produção, tanto por causar danos aos canaviais, quanto pela difícil logística de deslocamento destas máquinas gigantescas.
Desgaste da máquina e seus materiais
Um terceiro problema é o desgaste de materiais envolvidos na colheita. A resistência e abrasividade da cana-de-açúcar faz com que as facas da colhedora fiquem cegas rapidamente. No entanto, tal desgaste também acontece em virtude de a faca cortar não só a planta, mas também a terra.
Ineficiência diante da declividade do terreno
A utilização das colhedoras em terrenos com declividade acima de 12% é mais uma limitação dessas máquinas que precisa ser considerada, principalmente em razão da bitola estreita, podendo apresentar falta de estabilidade, permitindo tombamento nestes terrenos.
Inaptidão das colhedoras diante da cana tombada
Porém, a inaptidão das colhedoras para trabalhar em canaviais que tenham cana tombada é, possivelmente, umas das limitações mais graves, principalmente naqueles canaviais mais produtivos, acima de 120 t/ha, cujo tombamento é uma ocorrência recorrente.
Neste último caso, a própria busca de variedades de cana que sejam mais produtivas pode ficar inviável, pois não haveria como fazer a colheita.
Possíveis soluções para estes problemas
Baseado nos principais problemas apresentados, é possível que sejam pensadas algumas soluções para aumentar a eficiência da colheita mecanizada de cana.
Vejamos as possíveis soluções sugeridas para cada um dos problemas indicados a seguir.
Tráfego excessivo de máquinas e produtividade reduzida
Uma das principais maneiras para reduzir o tráfego e consequentemente o pisoteamento nas lavouras de cana seria promover a mudança de quase todo o processo de plantio, passando do atual, conhecido como convencional, para o chamado plantio direto.
Dessa forma, o excessivo uso de máquinas e equipamentos não serão mais necessários, ajudando a sanar esse problema. Outra maneira seria o desenvolvimento de colhedoras de bitolas mais largas que pudessem processar número maior de linhas.
Estas colhedoras também ajudariam a resolver o segundo problema relatado, que é o baixo potencial produtivo da colheita mecanizada de cana.
Desgaste da máquina e seus materiais
Em relação ao equipamento responsável pelo corte que costuma consumir muitas facas, a solução mais viável seria o desenvolvimento de um equipamento de corte mais leve, menos potente e que acompanhasse as irregularidades do terreno.
Tal fato permite manter a faca sempre a alguns centímetros acima da superfície do solo, aproveitando mais a cana-de-açúcar.
Declividade do terreno e o problema do tombamento
Sobre o limite de declividade do terreno e o problema de estabilidade ao tombamento, a solução ideal seria o desenvolvimento de colhedora que cortasse número maior de linhas, com uma largura aumentada.
No tocante ao tombamento dos canaviais ainda é preciso desenvolver tecnologia de colhedora ou de processos de colheita capazes de resolvê-las. Com a atual tecnologia disponível, a adoção da colhedora de uma linha, conjuntamente com a redução de velocidade de operação são medidas que podem atenuar tais problemas.
15 dicas para aumentar a eficiência da colheita mecanizada de cana
Além das possíveis soluções indicadas até aqui há algumas dicas simples, porém bastante importantes, que também podem ser adotadas pela usina ou produtor, pois visam contribuir com o aumento da eficiência da colheita mecanizada de cana.
Recomendações e dicas para aumentar a eficácia da colheita mecanizada de cana
- 1. Reduzir o número de terraços
- 2. Planejar os pontos de transbordo
- 3. Aumentar os carreadores de escoamento
- 4. Dotar de colhedoras de GPS
- 5. Treinar operadores visando a melhora do rendimento
- 6. Reduzir o tempo de manobra das colhedoras
- 7. Aumentar o número de transbordos em 10 a 15%
- 8. Melhorar a eficiência de manutenções rápidas
- 9. Cortar toletes menores para melhorar a densidade de carga
- 10. Adotar os procedimentos de colheita de acordo com o potencial de produtividade da cana
- 11. Sempre verificar as perdas no corte, desponte etc
- 12. Planejar e manter um raio médio com poucas variações durante a safra
- 13. Adotar, quando possível, espaçamentos duplos, aumentando o rendimento da colheita
- 14. Manter a velocidade controlada, nunca ultrapassando 4 km/h
- 15. Renovação da frota, aumentando a disponibilidade e reduzindo custos com manutenção
Conclusões
A atual transição da colheita manual para a colheita mecanizada de cana é uma exigência prevista em lei, mas é também uma necessidade, pois ajudam a reduzir custos e melhorar a qualidade das matérias-primas.
Porém, apesar disso, a colheita mecanizada é ainda conhecida por apresentar elevada queda em produtividade, aumentando o desperdício. Essa ocorrência é decorrente de alguns problemas enfrentados durante o uso da colhedora, tais como ineficiência em alta declividade, cana tombada e desgaste das facas.
Estes problemas precisam ser melhores entendidos, para que as soluções mais adequadas sejam adotadas. Estas passam pela evolução tecnológica das colhedoras e pela melhora no planejamento da operação de colheita.
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