A adubação de lavouras de café é uma necessidade reconhecida por técnicos e cafeicultores. Porém, mesmo reconhecendo a importância, muitas são as dúvidas relacionadas à correta aplicação do adubo no café.
Muitos técnicos e cafeicultores, ao recomendarem ou usarem qualquer tipo de adubo no cafezal, se preocupam mais com a quantidade, mas se descuidam com a fonte e o modo de aplicação dos produtos, outros não sabem qual é o melhor momento para aplicar determinado adubo.
Para ajudar técnicos e cafeicultores a melhorar a adubação do café fizemos este artigo. Nele daremos dicas para adubação nas diferentes fases do cafezal de acordo com suas exigências nutricionais, além de outras informações para não fazer feio na adubação para café!

Adubação do café: parâmetro essencial para maior produtividade
O solo é o principal substrato usado para a produção mundial de café. Por isso, é importante que toda atenção seja dada a ele, permitindo que o solo tenha condições de oferecer todos os nutrientes que as plantas precisam.
Assim, para que um solo seja produtivo é necessário que a parte física, química e biológica estejam em equilíbrio para que a cultura do café se desenvolva adequadamente.
Porém, muito se fala nos fertilizantes NPK – macronutrientes primários – visto que estes são requeridos em maiores quantidades. Entretanto, por muitas vezes, os macronutrientes secundários – Ca, Mg e S – são negligenciados.
Tanto os macro quanto os micronutrientes devem ser fornecidos em quantidades suficientes para se produzir bem. A maioria das pesquisas mostram que as plantas de café necessitam, em ordem de importância, dos seguintes nutrientes:
- Macronutrientes: N > K > Ca > Mg > P > S
- Micronutrientes: Fe > Mn > Zn > Cu > B > Mo
Por isso, para alcançar maior produtividade, a adubação adequada das plantas de café deve considerar as necessidades de cada lavoura, conforme:
- Suas características vegetativas e produtivas;
- Disponibilidade de nutrientes do solo;
- Equilíbrio das características da planta com a disponibilidade do solo.
A partir daí é possível indicar o adubo mais apropriado, assim como suas doses e modos de utilização, visando atender às necessidades dos cafeeiros.
Uso do adubo específico para cada uma das fases do café
Diversas pesquisas já comprovam que as exigências nutricionais do cafezal tendem a mudar de acordo com a fase do café, ou seja, as características do adubo tendem a serem diferentes para cada fase do desenvolvimento do café.
Para não errar, as tabelas de adubação funcionam como excelentes guias para o técnico ou cafeicultor, contudo, conhecendo o histórico da lavoura e sua resposta à adubação, é possível refinar esses valores e adaptar a dose para nossa realidade.
Dessa forma, algumas são as recomendações específicas para uso do adubo para o plantio, formação e plena produção, como veremos a seguir.
Adubação de plantio
As necessidades quanto à adubação de plantio devem se basear na análise do solo realizada anteriormente ao plantio. O ideal é que os níveis de nutrientes sejam mantidos na faixa adequada, como indicado na tabela abaixo. Acima desses teores, não há resposta do cafeeiro.
Fonte: Adaptado de Novo Boletim 100 (Quaggio et al., 2018). Interpretação nutrientes no solo para café.
O plantio ou renovação do cafezal é quando conseguimos colocar fósforo (P) em profundidade, já que esse nutriente é praticamente imóvel nos nossos solos.
Assim, independentemente da análise química de solo, recomenda-se aplicar 60g de P2O5 em formas solúveis, por metro de sulco de plantio. No sulco, também é indicado o uso de adubos orgânicos.
Para o uso de um adubo orgânico, o produtor deve escolher a opção de maior disponibilidade e melhor custo-benefício em sua região/propriedade.
Após um bom estabelecido do plantio do café, é preciso que sejam fornecidos nutrientes para a formação da lavoura.
Adubação de formação
Cafeeiros em formação são aqueles que estão vegetando, formando suas raízes e sua parte aérea. Nessa fase, as exigências de nutrientes são relativamente menores e diferentes de uma lavoura em produção.
Nessa etapa a recomendação de doses de fertilizantes depende basicamente:
- Do estágio da lavoura;
- Das exigências do cafeeiro em função da carga pendente;
- Do tipo;
- Da fertilidade do solo, avaliada por análise dos adubos a serem usados.
Nessa etapa é importante que o solo tenha P, Ca e B (boro) para o desenvolvimento das raízes, também não deve faltar N para que a planta possa vegetar.
Os demais nutrientes devem ser mantidos em níveis adequados para não comprometer o desenvolvimento vegetativo e reprodutivo dos cafeeiros em formação.
É considerada adubação de formação a realizada após o plantio até o primeiro ano produtivo do cafeeiro. Ela geralmente é concentrada no período chuvoso.
Como recomendação genérica, o Boletim Técnico 193 da CATI recomenda que:
- No 2ª ano agrícola (primeiro após o plantio), aplicar 4 vezes 8 g/cova de N, com intervalos de cerca de 45 dias, no período de setembro a março;
- Repetir a adubação potássica de plantio, parcelando juntamente com o nitrogênio;
- O adubo deve ser aplicado, em cobertura, ao redor das plantas.
Adubação de produção
Quando está produzindo, o cafeeiro apresenta sua mais alta exigência nutricional. Para cada saca produzida são necessários para vegetar e frutificar, em média:
- 6,2 kg de N;
- 0,6 kg de P;
- 5,9 kg de K.
Assim, para uso de adubo do cafeeiro em produção é preciso considerar:
- Estado vegetativo;
- Potencial de produção;
- Características do solo; e
- Tipos de adubos a serem utilizados.
A recomendação mais usual para uso do adubo leva em conta a extração dos nutrientes (em função da expectativa de carga pendente) e as características do solo (fertilidade) constantes na análise.

Assim, a adubação a ser recomendada é resultante da seguinte fórmula:
AQ = AV + AP
onde:
AQ = adubação química a utilizar
AV = adubação necessária à variação
AP = adubação necessária à produção
Uma aproximação desta estimativa de produção pode ser alcançada considerando os teores exigidos para cada saca beneficiada a ser produzida.
Assim, as recomendações de adubação abaixo foram calculadas da seguinte forma:
N = 50 + (4,0 x PE)
P2O5 = 8 + (0,80 x PE)
K2O = 35,5 + (4,57 x PE)
onde:
PE: Produção esperada por mil covas em sacas beneficiadas.
Dessa forma, na tabela abaixo serão observadas as sugestões de adubação para lavouras em produção, em gramas de nutrientes por cova, considerando a carga pendente (litros de café cereja/planta) e os teores de nutrientes no solo.
Enxofre = colocar de 1/8 a 1/10 da dose N;
Boro = colocar 1,0 a 2,0 gramas de B por planta;
Calagem = saturação de bases a 60-70%;
Zinco = via foliar em 4 pulverizações a 0,3% de sulfato de zinco; via solo. Em solos arenosos, colocar 2,0 a 4,0 gramas de Zn por planta.
Muito cuidado com a adubação foliar
Apesar de muito valorizada, principalmente comercialmente, a adubação foliar, quando realizada de forma indiscriminada, pode gerar prejuízos, tanto por gastos desnecessários como por desequilíbrios e carências.
Em condições normais, a adubação foliar na lavoura de café só se justifica para o fornecimento dos microelementos zinco, boro e cobre.
Normalmente este último não apresenta problemas, uma vez que pulverizações com fungicidas cúpricos, feitas para controle de ferrugem, corrigem ao mesmo tempo a deficiência.
Já a adubação foliar com macronutrientes, em substituição ou suplementação à adubação NPK no solo é ineficiente, podendo representar um gasto desnecessário.
Zinco
A adubação foliar com zinco em solos argiloso é obrigatória. O número de aplicações varia de 3 a 4 por ano. Necessariamente deve-se fazer uma aplicação em pré-florada.
A dosagem a ser utilizada é de 0,6% de sulfato de zinco. Quando na calda for adicionado cloreto de potássio a dosagem deve ser de 0,3% para o sulfato de zinco e 0,3% para o cloreto de potássio.
Boro
A dosagem deve ser de 0,3% de ácido bórico, 3 a 4 vezes por ano. A aplicação pré-florada é essencial para o vingamento floral.
Cobre
Normalmente as pulverizações normais com fungicidas cúpricos, usados contra a ferrugem ou outras doenças, controlam também as carências de cobre.
No caso de haver necessidade de pulverização, utilizar fungicidas cúpricos (0,5 a 1%) ou sulfato de cobre (0,3 a 0,5%).
Dessa forma, para não errar no uso do adubo no café, vale lançar mão de um software de gestão da adubação do café, como é o caso do CHBAGRO.
Com o CHBAGRO é possível fazer o gerenciamento de adubação de sua lavoura de café, além de apuração de custos por fazenda e talhão, dia, mês e safra.
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Conclusão
O uso de adubo no café é fundamental para maiores produtividades, porém esse manejo deve sempre ocorrer de acordo com parâmetros da planta e do solo, bem como o histórico de produção e manejo da área.
Mas a exigência nutricional do cafeeiro deve ser suprida na quantidade e na época certas. Por isso é preciso considerar cada uma das fases do desenvolvimento do café para termos maior eficiência de uso dos adubos e melhor produção.
Sendo assim, as tabelas de adubação são importantes guias, mas devemos sempre adequá-las à realidade de nossa propriedade.
A adubação foliar, por sua vez, deve ser feita com muito cuidado, pois quando realizada de forma indiscriminada pode gerar prejuízos, tanto por gastos desnecessários como por desequilíbrios e carências.
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